Imaculada
Nondum
erant abyssi, et ego jam concepta eram[1].
Provérbios, C. 8
Inda
o céu não tinha sol,
Nem
tinha a terra luar;
Ondas
não tinha o mar,
Nem
trinos o rouxinol;
Inda
o murmúrio das fontes
Nas
cercas não ressoava,
Nem
a neve inda toucava
De
branco as cristas dos montes;
Inda
a luz não espargia
Seus
raios sobre a campina,
Nem
tão pouco inda a bonina
De
enfeite aos prados servia;
Inda
não era criado –
Nem
terra, nem mar, nem céus –
E
já, na mente de Deus,
Era
a Virgem sem pecado.
VA
Coração
de Maria
Coração
de Maria imaculado,
De
quem, por mais que diga, nada digo;
Contra
a fúria do vício e do pecado,
Tu
és o meu amparo, o meu abrigo.
Além
de cireneu na grande lida
Deste
duro levar da minha cruz,
Tu
és, na noite escura desta vida,
Meu
farol, minha estrela, a minha luz.
Neste
desterro, neste vale de dores,
Que
os seios rasgam tão doridos de alma,
Tu
és o vaso de mimosas flores
Cujo
perfume minhas dores acalma.
Tu
és ainda neste mar cavado
Minha
âncora, o meu leme, o barco meu;
É
nele salvo, espero confiado,
Que
ao reino, um dia, chegarei do Céu.
VA
Mater
Purissima
(Mãe Puríssima)
Ladainha
Se
à Virgem, Mãe da Pureza,
Querem
dar provas de amor,
Dê-lhe
o céu o seu fulgor
E
a terra sua beleza.
Dê-lhe
o sol seus arrebóis
E
as suas per’las o mar;
Dê-lhe
a lua o seu luar
E
o seu canto os rouxinóis.
Dê-lhe
a fonte os seus cristais
E
as suas flor’s o vergel;
Dê-lhe
a colmeia seu mel
E
seu perfume os rosais.
Dê-lhe
o poeta canções;
Dê-lhe
quadros o pintor;
E
vós, almas do Senhor,
Dai-lhe
os vossos… Corações.
VA
[1] Ainda
não havia os abismos e já eu tinha sido criada.
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