Súplica
Coração
do meu Jesus,
Que na Cruz,
Pela
lança do soldado,
Ser varado
Sofreste
para deixar
Um lugar
Que
servisse nesta vida
De guarida
Sempre
aberta ao pecador –
Por amor
Ou,
melhor, por compaixão,
O perdão
A
meus crimes concedei –
E fazei
Pela
vossa santa graça
Que a desgraça
Eu
não tenha outra vez, não,
De ofender,
Por querer,
Vosso
terno Coração.
VA
Suspiros
Quem
me dera ter a lira
Do
profeta de Sião
P’ra
cantar com melodia
De
Jesus o Coração!
Quem
em dera ter a voz
Dum
dos Anjos do Senhor
P’ra
cantar sua bondade,
Sua
ternura e amor!
Quem
me dera ter o génio
Dum
arcanjo ou querubim
P’ra
cantar suas finezas
Em
hinos de amor sem fim!
Mas,
ai de mim, que não tenho
Nem
génio, nem voz, nem lira!
Apenas
uma alma tenho
Que
por Vós, Jesus, suspira.
Aceitai
pois da minha alma,
Ó
Jesus, o suspirar,
Já
que Vosso Coração
Não
posso nem sei cantar.
VA
Ingratidão
Queres
saber, ó pecador,
Qual a dor
Que na cruz
Mais
sentiu o bom Jesus? –
Abre
os livros sacrossantos
De alguns santos
E
neles verás então
Que a mais forte,
Inda
mais que a mesma morte,
Fora
a tua – ingratidão.
VA
Do
Pretório ao Calvário
Condenado
a morrer como um sicário,
De
pés e mãos cravado em uma cruz,
Do
Pretório lá vai o Bom Jesus
A
via já trilhando do Calvário.
De
corda na garganta e cruz ao ombro,
É
lento e vagaroso o seu trilhar;
Mas
nesse estado, sem geral assombro,
Quem
há que possa mais depressa andar?
Ninguém
por certo, que da cruz em cima,
Além
do peso que de si já tem,
Lá
vão atrozes, numa enorme rima,
Do
mundo os crimes a pesar também.
E
tanto e tanto que no curto espaço
Que
do Pretório ao Calvário vai,
Por
mais que faça por firmar o passo,
Jesus
em terra por três vezes cai.
……………………………………..
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…………………………………….
Ao
Calvário entretanto é já chegado
O
Filho de Maria, os seus Amores,
Onde,
no meio de pungentes dores,
Será
em breve numa cruz pregado.
VA
Errei
Mais
uma vez, Senhor, ajoelhado
Aos pés da vossa Cruz,
Vos
peço humildemente do passado
Perdão, ó Bom Jesus.
Qual
ovelha do aprisco desgarrada,
Errei, Senhor, errei,
Deixando
de seguir a recta estrada
Da vossa santa lei.
Ora
subia aos montes escabrosos
Das doidas ambições,
Ora
descia aos vales pantanosos
Das lúbricas paixões.
Pensando
colher rosas nos caminhos
Que louco percorri,
Abrolhos
só, Senhor, e só espinhos
No meu andar colhi.
E
todos tão agudos e pungentes
Que nem punhais podiam
Ferir
mais fundo os peitos inocentes
De quem matar queriam.
Neste
estado, Senhor, em que me vejo
Ferido mortalmente,
Só
Vós, Senhor, podeis, como desejo,
Curar-me inteiramente.
Para
tal milagre não precisais
Senão querer, Senhor –
E
que Vós o quereis bem o mostrais
Em ser meu Salvador.
Fundado,
pois, Senhor, nesta verdade,
Espero confiado
Que
esquecereis, Senhor, toda a maldade
Do meu viver passado.
E
grato, como devo, nem um dia,
Prometo por quem sou,
Deixarei
de louvar com alegria
A mão que me salvou.
UV
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